O texto contido nesta seção é de autoria de Carla Stumpf Branco e Raquel Stumpf Branco. Portanto, por questões éticas, NÃO copie o texto, a não ser que seja útil para sua pesquisa científica e seja, então, devidamente REFERENCIADO em seu trabalho.

Por definição da Câmara Técnica, a Fisioterapia Orofacial é "a especialidade da Fisioterapia com conhecimentos e técnicas específicas para aliviar dores na face, região oral, cabeça e região cervical, além de restabelecer a função das articulações temporomandibulares (ATM), dos músculos mastigatórios e das regiões citadas acima"(1).
Por determinação também da Câmara Técnica(1), o tratamento especializado aborda as regiões facial, mandibular, intra-oral, cefálica, cervical e dorsal, além da cintura escapular. Em linhas gerais, a Fisioterapia Orofacial trata as patologias articulares, dores e disfunções musculares, alterações funcionais, posturais, neurológicas e circulatórias que afetam estas regiões, além de melhorar as condições do tecido cicatricial.
A Fisioterapia Orofacial restabelece as funções dos sistemas craniovertebral e craniomandibular, ajuda a aliviar as dores musculares e articulares, a reduzir a inflamação, promovendo reparo dos tecidos.
Tornou-se um importante e eficaz tratamento para a DTM. Considerando o comportamento oscilatório das dores crônicas, a Fisioterapia tem sido escolhida por pacientes e profissionais como primeira opção de tratamento, por oferecer alívio e controle dos sintomas sem utilizar métodos invasivos e por treinar técnicas e exercícios que o paciente habitua-se a realizar em casa ou no ambiente de trabalho, mantendo os resultados obtidos nas sessões de Fisioterapia. Os exercícios oferecem conforto ao músculo e à articulação, facilitando a função normal.
O fisioterapeuta especializado realiza um exame específico para pacientes com DTM, dor orofacial, ou outros comprometimentos que afetam as regiões pertinentes à especialidade, avaliando minuciosamente as estruturas envolvidas. Para complementar o exame físico, o fisioterapeuta avalia também exames como radiografia cervical, facial, dos seios da face, radiografia panorâmica, tomografia computadorizada, ressonância magnética, eletromiografia, polissonografia, entre outros que sejam úteis para compor o quadro clínico. Portanto, é importante que o paciente fique com os exames já realizados, pedidos por outros profissionais, e os leve no dia da avaliação.

Tratamento da Desordem Temporomandibular (DTM)

O tratamento da Fisioterapia Orofacial para DTM é realizado através de técnicas específicas para patologias que acometem as regiões facial, mandibular, intra-oral, cefálica, cervical e dorsal, além da cintura escapular. Entre estas patologias, podemos citar a DTM, onde os principais subtipos são: a dor miofascial, o deslocamento de disco e as alterações degenerativas da ATM.
Os objetivos do tratamento fisioterapêutico para dor miofascial são: a identificação dos trigger points, sua inativação, e o retorno à função normal sem dor.
Os casos de deslocamento de disco, mesmo aqueles em que o paciente só se queixa de estalido, sem travamento ou dor, devem ser acompanhados. O paciente deve ser instruído sobre possíveis complicações futuras e orientado a diminuir a sobrecarga na região de ATM. Quando há dor ou travamento, a Fisioterapia Orofacial visa aliviar a dor, corrigir a movimentação e recuperar a amplitude mandibular normal, melhorando a condição articular.
As alterações degenerativas da ATM podem apresentar-se com ou sem dor. A preocupação é melhorar a condição articular, diminuindo a pressão intra-articular e permitindo o retorno à função mandibular normal. Com técnicas específicas, é possível favorecer a recuperação do tecido intra-articular. Havendo dor, o principal objetivo da Fisioterapia Orofacial é a analgesia. O controle do edema pode ser necessário em alguns casos.
Como estes problemas podem se apresentar simultaneamente num mesmo paciente, todos eles devem ser identificados e a sua inter-relação estudada, para que o tratamento da Fisioterapia Orofacial possa abranger todos eles.

Tratamento da Hipomobilidade e Anquilose Articular

Quando a hipomobilidade articular é acompanhada por sintomas dolorosos, mudanças destrutivas progressivas ou comprometimento da função mandibular, deve ser instituído o tratamento. Na maioria das vezes, a dor é o motivo pelo qual o paciente procura ajuda profissional. Além de utilizar técnicas para analgesia, a Fisioterapia Orofacial também utilizará técnicas para prevenir que se instale a anquilose.
A anquilose tem caráter progressivo, exigindo tratamento. Torna-se necessário tratar o complexo articular, melhorando a qualidade da articulação, liberando a fibrose e permitindo o ganho de movimento articular sem dor. Mesmo após a alta da fisioterapia, o paciente deve ser acompanhado por 2 a 3 anos, com avaliações semestrais para observar a evolução do caso.
Os procedimentos cirúrgicos devem ser evitados, pois a própria cirurgia pode ser causadora de fibrose capsular que restringe o movimento.

Tratamento da Hipermobilidade Articular ou Hipermobilidade Sistêmica

São freqüentes os casos de pacientes com DTM que apresentam frouxidão ligamentar, tanto na ATM quanto em outras articulações. Se o problema foi identificado, mas não há dor ou queixas por parte do paciente, este deve ser orientado a evitar a movimentação das articulações (inclusive a ATM) em amplitudes máximas. Se a hipermobilidade facilitar o aparecimento da DTM, a Fisioterapia Orofacial pode ser a primeira opção de tratamento.

Tratamento das Parafunções Orais (Bruxismo do Sono e Apertamento Dentário)

O bruxismo do sono é motivo de muita pesquisa na área médica, já que ainda não se sabe ao certo sua causa e, portanto, uma maneira definitiva de tratá-lo. O que se sabe é que o bruxismo pode levar a problemas musculares, articulares e dentários, devendo ser tratado logo após ser diagnosticado.
A proteção dentária é feita pelo dentista especializado, através de uma placa estabilizadora (ou miorrelaxante), usada durante o sono. Terapias medicamentosas também são usadas, mas nenhuma destas opções elimina o bruxismo, podendo somente reduzir sua freqüência e intensidade.
O tratamento do bruxismo baseado em relaxamento freqüentemente reduz os níveis de atividade muscular em masseter e temporal, até um nível considerado como repouso. Assim, a proposta da Fisioterapia Orofacial é a de relaxar e alongar a musculatura mastigatória. Outras técnicas podem se fazer necessárias para diminuir os danos causados aos músculos e articulações.
É importante orientar o paciente com bruxismo a evitar fatores de risco, como situações estressantes, abuso de álcool, cafeína e tabaco.
O relaxamento muscular também é fundamental para o paciente que faz o apertamento dentário. O paciente deve ter atenção e disciplina durante o dia, principalmente durante atividades que favorecem esta parafunção.

Tratamento da Fibromialgia

Por se tratar de um problema reumatológico, sistêmico, o paciente com fibromialgia deve ser acompanhado por um reumatologista, fazendo uso de medicação apropriada. É freqüente a identificação desta doença em pacientes diagnosticados com DTM. Isto porque, muitas vezes, a principal queixa de dor (senão a única) é na face, o que leva o paciente a procurar o tratamento da Fisioterapia Orofacial. Embora sejam usadas diversas técnicas locais para o alívio da dor, o paciente também necessitará de um acompanhamento específico, global, diminuindo a sensibilidade muscular e permitindo ao paciente um dia-a-dia com menor dor e desconforto e maior disposição.
A presença concomitante de diagnóstico de fibromialgia pode influenciar o prognóstico da dor miofascial e, portanto, esta patologia deve ser identificada para garantir o sucesso do tratamento fisioterapêutico.

Tratamento das Doenças Articulares

Por ser uma doença progressiva e causar graves limitações ao paciente, a osteoartrose deve ser tratada o quanto antes para que se possa tentar retardar seu progresso. O repouso articular é fundamental. No caso da ATM, o repouso é conseguido com dieta de alimentos moles e o controle de movimentos excessivos. A Fisioterapia Orofacial trata os distúrbios articulares, abordando todos os aspectos da articulação e das estruturas envolvidas.

Tratamento das Desordens da Coluna Cervical

A correção postural exige o acompanhamento do fisioterapeuta e, geralmente, é baseada em exercícios. Estes aumentam o conforto muscular e articular e facilitam a função normal.
O paciente com espondilite anquilosante precisa manter a postura e as atividades normais, realizando exercícios físicos de alongamento. Especificamente para a ATM, é fundamental o alívio da dor, a manutenção da função normal e a prevenção de aderências intra-articulares que podem vir a impedir funções vitais.
Quanto à dor miofascial, os exercícios visam restaurar as fibras musculares, possibilitando movimentação normal, sem dor.
Quando há um diagnóstico estabelecido de cefaléia cervicogênica, trata-se a origem da dor. O tratamento pode envolver medicação, bloqueio anestésico da estrutura causadora da dor, ou até mesmo cirurgia por radiofreqüência, que só deve ser utilizada em casos mais severos. A Fisioterapia constitui uma opção conservadora para o tratamento da cefaléia cervicogênica, abordando as estruturas musculares, articulares e neurológicas que podem desencadear as crises. É fundamental reabilitar a musculatura cervical como um todo, assim como a própria coluna cervical. O fisioterapeuta deve ajudar o paciente a identificar os fatores que desencadeiam a crise. Várias técnicas fisioterapêuticas são utilizadas para conseguir alívio da dor e melhora da movimentação cervical.

Tratamento da Cefaléia do Tipo Tensão e da Migrânea

Para o tratamento de qualquer cefaléia, o clínico deve estabelecer uma terapia de acordo com o perfil das crises, freqüência e intensidade. Os procedimentos mais invasivos só devem ser utilizados em casos mais severos.
É comum que pacientes com DTM também apresentem cefaléia do tipo tensão associada ao quadro de dor, envolvendo o músculo temporal. Técnicas que dessensibilizem esta região e melhorem a condição muscular, podem trazer alívio para os sintomas da cefaléia. As crises tornam-se progressivamente mais fracas e menos freqüentes, até que são abolidas.
A migrânea é comum entre os pacientes com dor facial, tendo causas que a Fisioterapia pouco pode atingir com suas técnicas. Muitas vezes, as crises concomitantes de migrânea acabam ocasionando crises de dor facial, agravando o problema, ou vice-versa: uma crise de dor forte na face leva o paciente a uma nova crise de migrânea. O paciente apresenta sensibilidade na região cefálica e, às vezes, também na região cervical. A Fisioterapia Orofacial pode dessensibilizar esta região, trazendo alívio para o paciente e facilitando o tratamento de patologias associadas.

Tratamento da Paralisia Facial

O tratamento fisioterapêutico da paralisia facial deve ser iniciado o quanto antes, tão logo seja constatada a paralisia, no intuito de recuperar a função da mímica facial, retardar a atrofia muscular e reabilitar as funções orais. É necessário, também, fazer o controle da dor na fase aguda e buscar sempre a simetria dos movimentos. É fundamental a utilização da eletroterapia no tratamento.
Em crianças, a preocupação deve estar voltada também para a correta estimulação dos ossos da face, através do bom funcionamento muscular, possibilitando um crescimento normal.

Tratamento da Neuralgia do Trigêmeo

O paciente com neuralgia do trigêmeo pode não ter alívio total dos sintomas com o tratamento medicamentoso, necessitando da intervenção da Fisioterapia Orofacial. As técnicas devem ser realizadas com o máximo cuidado, já que o paciente sente dor na face, até mesmo ao toque da mão do fisioterapeuta. É necessário corrigir a função do nervo trigêmeo, proporcionando ao paciente alívio dos sintomas.

Tratamento da Sinusite

A avaliação da região facial pelo fisioterapeuta deve considerar a avaliação dos seios faciais, à procura de sinais e sintomas de sinusite, que provoca dor aguda e muitas vezes é confundida com a própria DTM, conforme sua localização. A Fisioterapia Orofacial aborda o paciente com sinusite com diversas técnicas locais que ajudam na drenagem da secreção acumulada nos seios da face, aliviando a dor e evitando complicações.

Tratamento da Respiração Bucal

É importante a correta realização da anamnese e da avaliação clínica do paciente respirador bucal, tanto estrutural como funcional.
A Fisioterapia oferece melhor qualidade de vida ao respirador bucal e corrige a maior parte dos problemas estruturais e funcionais causados pela respiração bucal. Para tanto, a Fisioterapia Orofacial vai além de um trabalho respiratório, na intenção de solucionar os problemas causadores e causados por este padrão respiratório incorreto e inadequado. A preocupação é voltada também para o desenvolvimento da face (ossos e músculos) e para a melhora das mucosas nasais e paranasais.
É válido o trabalho multidisciplinar entre fisioterapeuta, fonoaudiólogo, otorrinolaringologista e dentista.

Tratamento do Zumbido

Sendo sintoma freqüente entre os pacientes com DTM, o fisioterapeuta especializado deve abordá-lo. Com técnicas direcionadas para a ATM, é possível reduzi-lo até que não seja perceptível pelo paciente em seu dia-a-dia. Quando é possível identificar uma causa, esta deve ser solucionada.

Tratamento da Síndrome de Eagle

É mais conhecida a atuação da fisioterapia no pós-cirúrgico da Síndrome de Eagle. Entretanto, atualmente este quadro vem sendo modificado, já que a fisioterapia tem grande atuação conservadora, podendo reduzir os sintomas associados.
O tratamento só deve ser realizado por profissional especializado, já que a mobilização da coluna cervical pode exacerbar condições patológicas pré-existentes do aparato estilo-hióideo, além de irritar estruturas neurovasculares e induzir à fratura do ligamento calcificado.


Referência:
1- Câmara Técnica de Fisioterapia Orofacial, 2004.


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